quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Expressões Culturais Afro-Brasileiras e Indígenas

O selo Município Aprovado 2008 está dando visibilidade às formas como indígenas de diversas etnias e afro-brasileiros, em modos de vida também diferenciados, têm preservado suas culturas, através de diversas expressões e linguagens, destacando-se grupos de hip-hop, capoeira, blocos carnavalescos, afoxés, maracatus, bumba-meu-boi, caboclinhos, ternos de reis e muitos outros eventos, histórias, personalidades da cultura brasileira, como exemplificado nos quadros a seguir.

EVENTOS compreendem festas, festivais, acontecimentos, apresentações teatrais, de dança, recitais, poéticos, exposições de artes plásticas; bumbameu-boi, maracatus, reinados do congo, afoxés maculelê, ternos e folias de reis, tambor-de-crioula, cantos de trabalho, ritos de passagem, casamentos, cantorias, cordel, quadrilhas juninas, sambas, que tenham a cultura negra e/ou indígena evidenciada.

Tupac Amaru, último líder inca na resistência contra os espanhóis
OFÍCIOS E MODOS DE FAZER são processos de trabalho e produtos obtidos, próprios do município ou da região e que são característicos do viver, celebrar, conviver, cuja origem e história se baseiam nas civilizações indígenas e/ou africanas. Estas expressões culturais podem ser encontradas nas artes e no artesanato, na fabricação de instrumentos e outros objetos de uso religioso, na culinária. São exemplos: cerâmica, cestarias, cocares, pinturas corporais, ferramentas de orixás, carranca, acarajé, panos-da-costa, penteados, trançados e outros.

MITOS, CONTOS, HISTÓRIAS são contados, geralmente, pelas pessoas mais velhas, que conhecem a história e a cultura e têm prazer de repassar aos que não vivenciaram, os quais passam a conhecer e se orgulhar de seu pertencimento étnico-racial. A memória cultural de uma localidade é o maior bem que ela possui. É a tradição oral que faz este bem circular, ganhar mundo, organizando a vida, as idéias, mantendo e preservando a riqueza cultural de um povo. Isto faz parte da cultura de cada localidade, mostrando o jeito como as pessoas se relacionam, se vinculam ao passado e à tradição, dando continuidade à existência. Nas culturas indígena e negra, essas histórias são a forma principal de transmissão e preservação do conhecimento e da sua cultura, que assim têm resistido, com o passar do tempo, à massificação e suas tendências uniformizantes e descartáveis.

LUGARES E CONSTRUÇÕES são espaços construídos ou naturais, como terreiros, territórios quilombolas, aldeias e reservas indígenas, mercados, feiras, rios, cachoeiras, praias, mangues, açudes, que traduzem a experiência afro-brasileira e indígena no município e são testemunhos de passagens importantes da história local.

HISTÓRIAS DOS LOCAIS E DOS TERRITÓRIOS são narrativas que contam um pouco da vida do município e /ou de uma comunidade específica, resgatando suas origens, como surgiu, se existe há muito
tempo, quem foram seus pioneiros, se já foi maior, se já pertenceu a outro município etc., além de explanações sobre como o município se encontra atualmente e também a história dos seus bairros, comunidades e distritos.

LIDERANÇAS E PERSONALIDADES são pessoas que têm um trabalho reconhecido por grande parte da população. Geralmente, são grandes líderes religiosos, artistas, com conhecimentos importantíssimos e enorme experiência de vida, que se incubem de representar e cuidar de seu povo e repassar os modos de celebração e de cura aprendidos de seus ancestrais, como caciques, mães e pais de santo, pajés, guerreiros e outros.

INTITUIÇÕES, ENTIDADES E LOCAIS representativas da população indígena e negra do município, tais como: associações e grupos culturais ou comunitários – filarmônicas, grupos de folguedos, danças populares – terreiros, organizações não governamentais, etc. Esta área permite perceber o grau de organização popular no município, quem são as lideranças, o reconhecimento dos trabalhos realizados por essas organizações.

EXPRESSÕES E VOCÁBULOS locais e regionais são expressões lingüísticas de origem indígena e africana que permanecem no falar cotidiano do povo, sua linguagem específica e seus mais diversos significados.

As formas de participação nessas expressões culturais são mais coletivas que individuais. As atividades de identificação, escolha e registro da expressão, fiéis a este princípio de participação, envolverão professores e professoras, alunos e alunas, lideranças culturais e religiosas, reconhecendo o valor e a legitimidade, não só das expressões culturais, mas das pessoas e civilizações que as geram.

Expressões culturais afro-brasileiras e indígenas buscam fortalecer a identidade étnico-racial; promovem a auto-estima e a autoconfiança de negros e negras e de indígenas; têm forte relação coma memória e a tradição oral; resgatam processos de luta e resistência, valorizam e mostram os feitos dessas populações; trazem aspectos negados dessas culturas.

Identidade, Ancestralidade e Resistência: Marcas das Culturas

Zumbi, líder do quilombo de Palmares
Identidade indígena e identidade negra têm a ver com as tradições desses povos, encontradas nas memórias, nas manifestações artísticas e religiosas, muitas vezes recriadas ou reinterpretadas em função dos contextos socioculturais onde ocorrem. Assim, em cada região ou município, essas culturas apresentam características distintas, que formam uma identidade étnico-racial. Crianças e adolescentes no Semi-árido, portanto, possuem identidades diferenciadas. Daí a necessidade de procurar perceber as muitas formas como a identidade indígena e a identidade negra se apresentam na cultura do município.

A ancestralidade – respeito aos que existiram e aos que virão – consiste numa relação equilibrada entre o passado, o presente e o futuro, remetendo para a valorização das pessoas que nos antecederam, suas lutas, suas histórias e o papel das gerações atuais na continuidade de seus feitos, transmitindo a um tempo futuro aquilo que fizeram e tiveram de melhor.

A resistência mostra o processo de luta pela sobrevivência física e cultural dos povos indígenas e negros no Brasil, por meio de práticas sociais, políticas, culturais e religiosas, fazendo com que se mantivessem conhecimentos ancestrais próprios que fortalecem a identidade étnico-racial.

sábado, 24 de setembro de 2011

Cultura Afro-Brasileira e Cultura Indígena

1. O que é a Cultura Afro-Brasileira e Indígena

A força da cultura de negros/ as e indígenas pode ser vista em todos os momentos cotidianos da vida. Nos seus modos diversos de falar, andar, comer, orar, celebrar e brincar, estão inscritas as marcas civilizatórias desses povos que, ancorados na dimensão do sagrado, celebram e respeitam a vida e a morte, mantendo uma relação ética com a natureza. É através destas formas cotidianas de se expressar e de ver o mundo que indígenas e afro-brasileiros/as têm resistido culturalmente na manutenção
de sua história.

A importância de crianças e adolescentes, independente da raça, etnia ou cor da pele, serem estimuladas a reconhecer e valorizar as identidades culturais da sua região – que podem estar presentes em quilombos, terreiros, aldeias, bairros populares, assentamentos e outros territórios – é que elas podem se orgulhar de que a cultura da sua localidade integra a diversidade que caracteriza a cultura brasileira.

Cultura, como sabemos, é tudo que as pessoas lançam mão para construir sua existência, tanto em termos materiais como espirituais, envolvendo aspectos físicos e simbólicos. A cultura é um patrimônio importante de um povo, porque resulta dos conhecimentos compartilhados entre as pessoas de um lugar, e vai passando e sendo recriada, de geração em geração. É a cultura que nos diz em que acreditar, influencia os nossos modos de ser e estar no mundo, de agir, sentir e nos relacionar com o natural e o social.

Como são e como vivem as pessoas de cada município? Como se relacionam com as culturas indígena e afro-brasileira? Como lembram os antepassados, quais suas lutas para sobreviver, seus valores, crenças, suas formas de lazer? 

As culturas de origem africana e indígena possuem uma diversidade enorme, mas, de modo geral, é possível identificar algumas características bastante semelhantes. Trata-se de povos que incluem crianças, jovens, adultos/ as, idosos/as, preservam a vida natural e social, se organizam por meio da participação coletiva, se juntam em torno de objetivos comuns... Mas, os modos como vivenciam essas experiências variam bastante. 

A dimensão sagrada é outra característica importante. Possuem vários deuses e deusas – a lua, a água, o sol, as plantas; acreditam no poder de cura desses elementos, sempre relacionando corpo físico e espiritual. 

* Selo UNICEF. Guia de orientação para os municípios. Elaboração
CEAFRO (Educação e profissionalização para Igualdade Racial e de
gênero).