sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O modo de produção escravista ou escravocrata

A VOLTA DO TRABALHO FORÇADO

A utilização do trabalho escravo provém de muito antes do que podemos imaginar, existem indícios de que alguns grupos na pré-história se faziam valer do trabalho compulsório de outros grupos nômades que “invadiam” seu espaço,empreendiam uma luta e os vencedores apoderavam-se dos perdedores, e os utilizavam como ajudantes na caça e em outras funções. Já na antiguidade as grandes civilizações como a Grega ,a egípcia ,romana, Persa dentre outras utilizavam o trabalho de escravos, a diferença é que estes eram conseguidos de formas variadas, como por exemplo através de guerras por domínio territorial, como pagamento de dividas ou mesmo quando homens pobres se vendiam como escravos como forma de sobrevivência.

No Egito, por exemplo, eram na sua grande maioria, prisioneiros de guerra,e não constituíam um grupo numeroso,eram utilizados em trabalhos pesados como extração de enormes pedras e na construção de templos, palácios e pirâmides, comparados aos outros povos antigos,os egípcios eram bastante tolerantes com seus escravos, com exceção da forma como agiram com os hebreus. Dependendo dos costumes da civilização que os adquirisse eram submetidos a diversos tipos de trabalho,na maioria das vezes,desumanos, algumas porém os adquiriam apenas para utilização de seu trabalho na fabricação de determinados artefatos e em trabalhos mais leves, em geral no intento de diminuir seu esforço e aumentar a produção, mesmo ainda não existindo um comércio formal e intenso.Nem todos as antigas civilizações obrigavam seus escravos a abandonarem seus rituais religiosos, mas na grande maioria era o que ocorria, na Mesopotâmia, por exemplo, eram obrigados a raspar a cabeça, a falar a língua local dentre outras atrocidades,a Pérsia era onde eram encontrados escravos em maior número, adquiridos em sua maioria nas conquistas militares, como mencionado anteriormente, os hebreus sofreram bastante quando os egípcios retomaram seu território que se encontrava sob o domínio do hicsos, se tornaram escravos e foram de todas as formas possíveis depreciados.

Grécia e Roma foram civilizações que utilizaram os trabalho escravo em larga escala e chegaram inclusive a promover feiras de comercialização dos mesmos, os oferecendo para utilização em todos os fins possíveis, inclusive como é mostrado em muitos filmes, como gladiadores, os gregos e os romanos foram talvez os que mais se assemelharam aos ocidentais ao desumanizarem, depreciarem de todas as formas e comercializarem seres humanos. Contudo podemos afirmar que estas grandes civilizações não teriam tido tanto êxito em sua ascendência se não fosse a utilização do trabalho escravo,a grandeza delas esta diretamente ligada ao trabalho desses homens, mulheres e muitas vezes crianças,seres humanos desumanizados,dominados.

A decadência e o conseqüente desaparecimento do império romano extinguiu temporariamente este “tipo de trabalho”, pois a sociedade feudal que havia sido erguida sobre as ruínas deste grande império não visava o comercio em grandes proporções,mas sim a subsistência,sendo assim o trabalho escravo tornou-se desnecessário e foi substituído pelo trabalho dos servos,que na verdade também eram como escravos, a diferença residia no fato de que estes não possuíam certificado de propriedade do senhor feudal, porém quando este resolvia arrendar a terra seu servo permanecia como sendo parte do patrimônio,além disso este mesmo servo devia obediência e satisfação ao senhor feudal, não podiam nem ao menos casar-se sem autorização do senhor com alguém de ouro feudo e no caso de viúvas ,estas também só podiam se casar novamente com alguém da escolha do senhor feudal e no caso de não desejarem casar-se novamente deviam pagar uma multa ao senhor, o mesmo em caso de falecimento do chefe da família ocorria, o seu herdeiro devia pagar uma quantia determinada ao senhor se desejasse permanecer naquele feudo cuidando de sua terra e em sua moradia, porem vale a pena ressaltar que a terra que cabia ao servo camponês mal podia ser trabalhada para suprir as necessidades de subsistência da família do mesmo,pois a terra a ser arada primeiro era a do senhor, a ser semeada também ,a colheita etc, em caso de intempéries a plantação a ser salva primeiro também era a do senhor, logo entende-se que este servo não passava de uma espécie de escravo, possuindo apenas nova nomenclatura e uma relação minimamente diferenciada.

Outra justificativa era a de que, o cristianismo, que havia acabado de se tornar a religião dominante e predominante pregava a repulsa ao trabalho escravo, abominando quem se utilizasse do mesmo, pois não admitia que um cristão escravizasse o outro, porém durante as cruzadas podemos averiguar as atrocidades cometidas em nome da cristandade, enfim o trabalho escravo “formal” passou anão adequasse nem a economia e nem a moral da época. Com a expansão marítima, a descoberta de novos continentes e conseqüentemente de novas riquezas, tornava-se necessária mão de obra em maiores quantidades, entretanto isso era muito difícil, pois ninguém deseja vir ara a América trabalhar em uma terra desconhecida, por baixos salários, além do que, era necessário produzir o máximo com gastos mínimos, e pagando salários isso seria inviável,logo recorreu-se ao trabalho escravo de negros capturados na África e de nativos das colônias,Portugal foi o primeiro país a utilizar o trabalho escravo da Europa moderna, no começo do século XVI a economia açucareira começou a ser implantada no Brasil e a desenvolver-se amplamente e como não haviam trabalhadores o suficiente apelaram para a mão de obra escrava, visto que o trabalho compulsório indígena não havia obtido o êxito esperado.



O TRABALHO ESCRAVO CONSTRÓI O BRASIL ENRIQUECE A EUROPA



Como inicio da expansão marítima e conseqüente expansão comercial a partir dos séculos XIII e XIV, a economia e a sociedade européia forma profundamente modificadas, como conseqüência a expansão das atividades comerciais acabou com a economia de subsistência e passou-se então a estimular-se a produção de excedentes, os precursores dessas modificações e da expansão marítima foram Portugal e Espanha que logo recorreram ao trabalho escravo para suprir a produção agrícola e também para a extração de metais preciosos para abastecer o mercado europeu.

Quando os portugueses desembarcaram a oeste do litoral africano encontraram sociedades diversificadas, religiões, conhecimento técnico, formas de governo,atividades econômicas etc,coisas que não esperavam encontrar, muitas destas sociedades eram muito bem organizadas política e economicamente, possuindo exércitos, funcionários coletores de impostos, nobreza,comerciantes aliados detendo todo o poder político , uma organização que lhes era muito familiar,não?

É bem verdade que estes reinos eram muito semelhantes aos da Europa, além de toda sta organização ainda possuíam agricultura, produção de artefatos e comercio muito bem desenvolvidos, mas é claro eu nem todas as sociedades deste enorme continente eram tão bem organizadas, e digamos até “civilizadas”, os portugueses encontraram também tribos nômades, como certas tribos de índios brasileiros, muitas destas sociedades africanas já conheciam a escravidão. Porém a escravidão exercida de forma patriarcal, semelhante a estabelecida durante antiguidade, prisioneiros de guerra tornavam-se escravos, porém esta não era uma prática sistemática, pois as guerras não eram realizadas com o objetivo de conseguir escravos e a sua economia não era alicerçada nessa pratica, também porque não haveria mercado para comercialização de escravos nestas sociedades, com a chegada dos portugueses as coisas modificaram-se,os escravos nestas sociedades eram submetidos a autoridade de seus “donos” mas não eram vendidos e de certa forma acabavam por integrar-se ao grupo que havia os capturado.

Os portugueses então, começaram a oferecer tecidos, armas, bebidas e pólvora em troca de ouro e de escravos. Logo os “chefes” destas sociedades perceberam que poderiam lucrar com esta prática, e começaram a aprisionar e a vender escravos de forma sistemática aos portugueses, além disso alguns desses lideres permitiram em muitos casos que os europeus empreendessem uma espécie de caça em seus territórios, caça a seres humanos, transformando assim a África em um campo de guerra permanente, a cada vitória, milhares de prisioneiros eram levados para os portos e embarcados em condições deprimentes em porões lúgrubes, úmidos e sujos, sem um mínimo de higiene, sem água ,sem alimentação suportando temperaturas elevadíssimas durante o dia e baixíssimas durante a noite, à estas condições eram obrigados a agüentar por quase 60 dias ,e dessa forma de 30 à 40% da “mercadoria” não chegava ao local de desembarque, desta forma iniciou-se um dos mais desumanos, sórdidos e lucrativos negócios do mundo moderno.

Os escravos foram as mãos e os pés do Brasil, também da Europa e do sul dos Estados Unidos, pois construíram sua economia com base nos lucros proporcionados por esta prática, a economia implantada no sul dos EUA era muito semelhante a do nordeste brasileiro no mesmo período, a monocultura exportadora, nos caso dos EUA o cultivo do tabaco, algodão e arroz, latifúndios e mão de obra escrava. O Brasil foi uma sociedade escravista ou escravocrata durante a maior parte de sua história, o trabalho necessário ao funcionamento da sociedade era realizado pelos escravos, vindos da África, também foi utilizada durante um curto período a mão de obra escrava indígena, mesmo com proteção dos jesuítas, principalmente nas áreas de extrativismo vegetal e em outras regiões como São Paulo que eram pouco vinculadas ao comercio de exportação, nestas regiões a produção estava voltada para a subsistência.

A necessidade de utilização de mão de obra escrava negra se deu principalmente na economia açucareira, pois, era necessária uma produção em larga escala para transferência de lucros para a metrópole portuguesa,objetivo principal da economia mercantilista vigente da época. Logo a principal função da colônia era produzir riquezas para metrópole.

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